Germán Guzmán Campos, um padre a serviço dos comunistas

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Uma das situações mais absurdas de cooperação com o serviço de segurança comunista é aquela situação quando o colaborador é alguém de um ambiente descrito pelos próprios comunistas como hostil, destinado à liquidação, condenado ao esquecimento. Tal ambiente foi – inalteradamente desde a ascensão do comunismo até sua queda – a igreja, principalmente a católica. Certamente não é necessário lembrar como o comunismo tratava todas as religiões, basta dizer que não apenas na União Soviética, sob a liderança dos comunistas, a religião foi perseguida, os templos foram destruídos e devastados, ordens religiosas foram fechadas, padres e até mesmo estudantes de teologia foram perseguidos, ou seja, foi feito de tudo para destruir ou pelo menos para limitar (já que a destruição era impossível) a influência da religião sobre as pessoas. A única fé permitida deveria ser o comunismo. Na Tchecoslováquia, foi como na União Soviética, ou seja, também teve início um combate ativo e brutal de qualquer sinal de religião. Como se sabe, este objetivo não foi totalmente realizado, mas os comunistas conseguiram muito. As igrejas cristãs (aquelas permitidas porque estavam sujeitas a estrito controle estatal) mal eram toleradas, a religião na esfera pública era praticamente inexistente e uma visão cristã do mundo era tratada como um defeito mental contrário ao “marxismo-leninismo científico”.

De acordo com o que sabemos, a inteligência tchecoslovaca na América Latina não realizou um “trabalho” ativo sobre a igreja católica em cada país do continente. É verdade que o serviço de inteligência da StB participou de certas operações de serviços amigos de países socialistas, onde se trabalhava até um certo grau com casos relacionados com clérigos ou procedentes desse ambiente, mas eram ações de poio por parte da StB, no âmbito de colaboração entre serviços de inteligência de países amigos. Descrevemos alguns destes casos em nosso livro 1964 O Elo Perdido, publicado no Brasil.

Após a publicação, nos deparamos com outro caso relacionado com uma pessoa clériga no continente sul-americano, da qual a StB se ocupava ativamente. Este caso é bem interessante e, antes de descrevê-lo detalhadamente e de forma abrangente em um próximo livro, dedicado à questão das atividades do serviço de inteligência da StB na América do Sul, revelaremos agora seus parâmetros básicos.

A questão está relacionada com a Colômbia dos anos 60 do século XX e também tem algo a ver com o famoso caso do padre revolucionário Camilo Torres.

Com base em uma consulta que fizemos no ABS, chegamos a uma pasta de objeto dedicada à Colômbia (ABS, Coleção do Diretório I, nr. de reg. 11824). É um material bastante extenso, contendo muitas coisas interessantes. Mas um deles é único, precisamente por causa da pessoa que a inteligência tchecoslovaca estava “trabalhando” em Bogotá. Trata-se de um padre católico, que não era uma pessoa qualquer, mas principalmente um destacado intelectual, coautor do famoso livro “La violencia en Colombia”, editada nos anos 1962-1964, o Monsenhor Germán Guzmán Campos (1912-1988).

Primeiramente, alguns dados preliminares, graças aos quais vamos perceber qual é o peso dos materiais descobertos por nós. A subpasta de objeto dedicada a esse padre católico tem 295 páginas, o que é um material de fonte relativamente rico. Portanto, trata-se de um material extenso, e é por isso que merece um estudo aprofundado que será publicado em nosso próximo livro, planejado para o próximo ano. A StB lidou com este caso de 1964 a 1971, ou seja, por quase sete anos. Ao mesmo tempo, é preciso frisar que se trata de uma pasta de objeto, e não de uma pasta de agente, o que significa que o material coletado pelo serviço de inteligência não descreve o “trabalho” sobre um agente de inteligência, mas é uma documentação que descreve o “trabalho” sobre uma pessoa interessante para o serviço, ou seja, um figurante. Uma outra questão eram os planos da StB relacionados com essa pessoa, que eram ousados, porém não chegaram a ser realizados – já veremos o porquê.

No dia 26 de julho de 1964, em um evento para jornalistas, Campos foi “pescado” por um funcionário do serviço de inteligência que nos relatórios para a StB usava o pseudônimo de “Hlavsa”[1]. Este interessou-se por ele e ficou intrigado ao saber que era o autor da mencionada obra sobre a violência na Colômbia, desejando conhecer mais de perto ao padre-sociólogo. Organizou um encontro particular na noite de 23 de setembro de 1964 no restaurante “Pizzeria Napolitana” em Bogotá. Nós ainda não estudamos detalhadamente o trabalho de rezidentura da StB em Bogotá; por enquanto sabemos que a rezidentura funcionou aproximadamente desde 1961 até o ano de 1970. Também podemos registrar que em 1963 esta rezidentura ainda não conduzia a nenhum agente, de acordo, entre outras, com uma tabela da seção americana do serviço de inteligência, de 5 de maio de 1963 (pasta de correspondência operacional, nr. de reg. 80812). Esta informação é importante pois, com base a ela, resulta que a rezidentura foi fortemente criticada pela central devido aos baixos resultados de trabalho – é por isso também que cada novo contato operacional, que tinha algum valor de inteligência, teve de ser tratado como uma boa oportunidade para melhorar o baixo desempenho da rezidentura[2]. Sendo assim, o novo contato com o padre, autor de um livro conhecido, cujo conteúdo revelava que talvez pudesse tratar-se de uma pessoa ideologicamente próxima (pelo menos parcialmente), foi visto pela central como muito promissor para o futuro. O residente, por sua vez, procurava desesperadamente por novos contatos para poder “pescar” um futuro bom agente.

 

Capa do livro escrito por Germán sobre o padre Camilo Torres. Foto de Camilo Torres quando se juntou às fileiras do ELN, Exército de Libertação Nacional da Colômbia.

 

Contracapa do livro do padre Germán.

Germán Guzmán Campos é hoje uma pessoa bem conhecida no ambiente dos revolucionários religiosos, ou seja, aqueles que unem os ensinamentos cristãos com o comunismo e a luta revolucionária, cujo objetivo é libertar o povo oprimido das garras do capitalismo.

O estudo da subpasta dedicada a Germán Guzmán Campos trouxe toda uma série de informações, pistas e detalhes surpreendentes. As informações referem-se principalmente ao figurante, que rapidamente, pois, já em 1964, recebe um codinome, “Erb” (brasão, em tcheco). Ele era padre e em 1964 já era relativamente conhecido em sua terra natal, mas não como clérigo, mas sim como pesquisador-sociólogo, coautor de um livro escrito a pedido das autoridades sobre a violência na Colômbia. Este trabalho é citado até os dias de hoje. Foi justamente por causa da autoria deste trabalho, assim como a circunstância de que “Erb”, dispensado do ministério pastoral, era palestrante de sociologia na Universidade de Bogotá, que ele chamou a atenção do funcionário tchecoslovaco de inteligência. A polícia política tchecoslovaca via uma vantagem, caso este figurante fosse recrutado, para que ele se tornasse um apontador de figurantes para a base de estudantes, ou seja, “Erb” poderia procurar por informantes entre os estudantes, assim como candidatos com perspectiva para uma colaboração secreta.

O “trabalho” sobre “Erb” e seus resultados combinam pouco com a imagem dos esquerdistas latino-americanos feita por Ryszard Kapuściński, famoso conhecedor polonês do terceiro mundo, chamado de rei dos repórteres. Em seu livro Chrystus z karabinem na ramieniu (Cristo com um fuzil ao ombro), em um capítulo dedicado a Che Guevara e Allende, afirmou que: (…) o princípio da honestidade moral é uma característica da esquerda latino-americana. (…) Na rebelião da esquerda latino-americana sempre aparece este fator de purificação moral, sensação de superioridade moral, cuidado para manter uma vantagem moral sobre o adversário. Eu vou perder, vou morrer, mas ninguém poderá dizer que eu violei as regras da luta, que traí, que decepcionei, que tenho as mãos sujas.

Bem, a opinião de Ryszard Kapuściński, colaborador secreto do serviço de inteligência polonês comunista da SB, parece que até hoje é verdadeira; a convicção sobre a honestidade moral dos esquerdistas da América do Sul continua a dominar no espaço público. As nossas descobertas no arquivo de Praga lançam uma luz diferente sobre alguns esquerdistas latinos, pois revelam os seus assuntos sujos.

Falemos sobre as questões concretas do caso de Germán Guzmán Campos, ex-padre e sem dúvidas um representante importante do dito mundo da esquerda latino-americana. Construiu a sua carreira acadêmica como guardião da memória do grande revolucionário-mártir pela causa revolucionária e do comunismo, sacerdote guerrilheiro Camilo Torres, morto a tiros pelo exército colombiano em 1966.

Ainda antes da grande mudança na vida de “Erb”, quer dizer, antes de ele ter emigrado para o México em 1968 e seguido a carreira leiga de revolucionário-teórico, teve em seu país, Colômbia, um episódio relacionado com o serviço de inteligência tchecoslovaco da StB. O fato de que se tratava de um padre católico, aberto para encontros e entrega de informações, causou desconfiança na central da StB em Praga – havia um temor de provocação por parte dos serviços colombianos, mas essas dúvidas foram resolvidas relativamente rápido. Desde o início do contato, o oficial condutor convencia ao figurante de que ele não deveria se gabar muito de suas visões progressistas e que deveria permanecer na Igreja, não se deixar ser excomungado, porque dentro da Igreja poderia fazer mais pela causa do que fora dela. Veio à luz que Campos também tinha contatos com o movimento guerrilheiro e que inclusive conhecia o padre revolucionário – Camilo Torres. Já em fevereiro de 1965, “Erb” pediu ao oficial condutor uma grande injeção financeira – um empréstimo no valor de 400 dólares americanos. O oficial da StB ficou satisfeito pelo fato do próprio figurante ter introduzido nesta relação este importante elemento comprometedor e “emprestou” para ele o dinheiro, apesar de poder gastar uma quantia dessas em seu trabalho operacional somente com permissão da Central (que aprovou posteriormente o empréstimo). O figurante trouxe espontaneamente um estudo sobre o movimento guerrilheiro, incluindo materiais do Estado-Maior do Exército colombiano. O contato se desenvolvia bem e rapidamente – logo em maio de 1965, o residente “Hlavsa” via uma real possibilidade de recrutamento do figurante e de fazer dele um agente. A central achava que esta conclusão era prematura, pois antes era necessário analisar exatamente a motivação do figurante, suas possibilidades e completar todos os dados sobre o candidato a colaboração secreta.

A StB também estava interessada sobre o contato entre o figurante com Torres – durante um dos encontros no verão de 1965, “Erb” revelou ao oficial da StB que não tinha total confiança em Torres, pois Torres com frequência se comporta de uma maneira violenta e carece de cautela em suas ações. Exagera com frequência e provoca o regime desnecessariamente. “Erb” afirmou que não desejava ser associado com a “ultraesquerda”, assim como o padre Camilo o era.

Em julho de 1965, veio a luz que “Erb” também tem contato com o correspondente da TASS no Chile, Nikolai Czigir. Na mencionada pasta da StB encontramos a confirmação de que, neste caso, tratava-se de um homem da KGB. Isso porque foi enviada uma informação a rezidentura em Bogotá, de que após uma consulta com os amigos a KGB prometeu que interromperia o “trabalho” sobre o figurante. Enquanto isso, o oficial tchecoslovaco já havia preparado para o figurante um prêmio no valor de 270 dólares pelo trabalho. Também ficou acertado um ciclo regular de encontros e ao mesmo tempo a colaboração se formalizava cada vez mais. Ao resumir o estado de “trabalho” sobre este figurante, o residente, no relatório de outubro de 1965, afirmou que:

O caso ERB atualmente é o caso mais sério da rezidentura na Colômbia. O estado do “trabalho” confirma que ERB está interessado na colaboração, mas é necessário direcioná-lo de maneira inteligente, levando em conta principalmente o movimento dos párocos.

“Hlavsa” planejou a finalização do recrutamento ainda para 1965. Enquanto isso, “Erb” reclamou ao oficial de que tinha pouco dinheiro, que tem dificuldades em manter sua família – tinha em mente a sua mãe doente e sua irmã, que as preocupações com as condições financeiras lhe impedem de alcançar uma eficiência completa no trabalho em prol de seu amigo da Tchecoslováquia. O funcionário da inteligência, através de suas fontes, soube que “Erb” gastava muito dinheiro com sua amante, a qual ele frequentemente visitava. Em vista da situação, “Hlavsa” considerou pagar um salário mensal regular para o figurante. Fica claro que naquele momento ele avaliava a cooperação com o sacerdote como sendo positiva, e que as informações que fornecia eram valiosas para a inteligência.

Campos também tentou publicar o seu trabalho dos anos 1962-64 (ou seja, o livro sobre a violência na Colômbia) em algum dos países do bloco socialista. Segundo a avaliação do residente da StB, tratava-se somente da possibilidade de que ele recebesse os honorários pelo livro.

O padre também estava interessado na possibilidade de visitar os países socialistas, mas no momento não era possível porque não tinha as suas questões fiscais regulamentadas, e por isso o Ministério das Finanças não lhe concedera permissão para viajar.

A central da inteligência em Praga não concordou com a premiação regular do figurante – enquanto isso, a opção preferida foi a de recompensar por trabalhos específicos. Para piorar, o “trabalho” sobre o figurante foi se complicando por causa do seu digamos caráter (latino, poderíamos dizer) e dos problemas pessoais do padre Campos.

Em 15 de fevereiro de 1966, nas montanhas, o exército matou a tiros o padre Camilo Torres; isso aconteceu durante um combate com um grupo de guerrilheiros, no qual Torres lutava de arma em punho. Este acontecimento influenciou não somente a situação no país, mas também na vida de “Erb”. A central em Praga rechaçou decididamente a possibilidade de publicar o trabalho de Campos em algum dos países socialistas – esta ideia ia contra o interesse operacional da StB, sem falar sobre os problemas com os honorários, que naquele tempo poderiam ser pagos somente com as moedas não cambiáveis de países socialistas e não em dólares.

No ano seguinte, a conexão com o figurante estava falhando, ele não vinha regularmente aos encontros, mas ainda fornecia informações e fotos, incluindo das zonas de combates guerrilheiros, e pediu novamente um empréstimo (250 USD). Alguns dos obstáculos ao desenvolvimento do contato eram uma certa falta de sinceridade do figurante, seus interesses materiais que começaram a superar os motivos ideológicos e a incerteza de como poderia ser operacionalmente aproveitado. A situação também se complicou por causa de problemas de saúde (coração) de “Erb”. O oficial condutor, durante as conversas com o padre, percebeu que este, ao tomar decisões importantes em sua vida (por exemplo, se voltaria ao ministério pastoral ou continuaria sua carreira acadêmica), era guiado principalmente por motivos materiais – ele não estava interessado em um cargo de pároco de uma paróquia pobre…

Outra piora do estado de “trabalho” foi um convite inesperado para a StB, feito ao figurante pela OIJ (Organização Internacional de Jornalistas) para uma conferência em Berlim Oriental (outubro de 1966). “Hlavsa” soube pelo figurante que o mesmo pretendia vender seu arquivo relacionado ao livro sobre violência e que em Moscou lhe teriam prometido 50.000 mil dólares por ele. Campos também se gabou de que estava escrevendo um livro sobre Torres, que publicaria no exterior.

O serviço de inteligência tchecoslovaco soube através de outra fonte, de que “Erb”, no âmbito desta viagem, também planejava visitar a “Ilha da Liberdade”…

De 10 a 15.10.1966, “Erb” esteve em Berlim. No congresso de jornalistas, ele teve a honra de ser eleito presidente da reunião. Ele fez uma curta viagem da RDA a Praga, acompanhado por um jornalista cubano (Editor-chefe do “Granma”). A StB seguiu o figurante e no relatório desta curta visita, chama a atenção, por exemplo, uma nota de que a primeira noite em Praga, ERB já passou em companhia de duas prostitutas, que ele encontrou no bar do hotel Jalta. Ele voltou para o hotel somente pela manhã.

Um episódio muito mais grave desta viagem (aos olhos de StB) do ainda padre católico, foi que no caminho de volta ele visitou Cuba (embora a StB o havia desaconselhado a fazê-lo) e lá deu uma entrevista ao jornal comunista “Granma”. Através de outras fontes, a StB soube que, em Cuba, o seu figurante havia conversado com provavelmente com toda a nata comunista de Cuba (inclusive Fidel Castro) sobre questões relacionadas à luta de libertação nacional na América Latina. Campos em Havana também se reuniu com representantes do alto escalão do Partido Comunista da Colômbia.

Todas essas (assim como outras) circunstâncias mencionadas, forçaram a inteligência tchecoslovaca a reavaliar esse caso – em janeiro de 1967, foi decidido interromper o “trabalho” sobre o figurante e encerrar gradualmente o contato. O interessante é que a rezidentura continuou mantendo contato com a amante de Campos, Olga, porque esta, como funcionária da chancelaria presidencial, demonstrou ser uma fonte de informação muito interessante.

Do ponto de vista de StB, Campos deixou de ser interessante porque se radicalizou demais, revelou as suas convicções, assumiu um lado específico, simplesmente perdeu seu valor operacional e de inteligência. Ele se tornou uma pessoa conhecida demais e demasiada associada às forças progressistas.

Após voltar de sua viagem, “Erb” não fez contato com o residente da StB em Bogotá. Segundo outros informes, resulta que a StB soube que o “seu” figurante foi financiado pelos cubanos em 1968, que se entregou totalmente ao movimento Camilista (ou seja, em prol da memória de Camilo Torres) e que continuou mantendo contato com Olga, que não escondia do espião de Praga que era a amante do padre.

Em novembro de 1968, algumas fontes confirmaram que “Erb” emigrou junto com a sua amante para o México. Lá, se casou (e depois se divorciou) e começou a dar palestras na universidade.

Podemos adicionar a informação de que em 1968, realmente publicou um livro sobre Camilo Torres, que posteriormente foi editado na RDA, na Tchecoslováquia e na Hungria. A StB também o observou no México, mas somente até o ano de 1970, pois justamente nesse ano a rezidentura na capital deste país foi liquidada.

O caso deste ex-padre é interessante, não em razão de a StB não o ter recrutado por causa de circunstâncias objetivas que desqualificariam o recrutamento. São principalmente interessantes as pequenas menções, evidências e até mesmo as pistas delineadas nas notas, relatórios ou observações de diferentes funcionários da inteligência que trabalharam nesse caso durante alguns anos.

Em base a elas, é possível concluir que o movimento guerrilheiro na Colômbia foi apoiado por Cuba. Isso também se aplica ao empenho do padre-mártir, Torres. Em uma das notas foi escrito claramente: sob a influência dos cubanos, Torres lutou na guerrilha. Um outro padre, por sua vez, Guzmán Campos, provavelmente foi recrutado por estes mesmos cubanos e talvez também tenha sido comprado, para que se dedicasse totalmente ao trabalho de propaganda – para que abandonasse o incerto destino de padre e, ao invés disso se ocupasse com uma luta aberta pelos ideais da teologia da libertação. Presume-se que esta teologia, surgiu em 1968. Desde então muito tempo passou; por isso, pode ter rendido frutos – contribuir para melhorar a situação dos pobres.

Mas com que resultado?

O teólogo da libertação, Fernando Torres Millan, comenta que a visita do papa a Colômbia ocorreu quando o país passava “por uma crítica situação social”. Frisou isso durante uma entrevista com a agência católica alemã KNA em Bogotá. Ele acha que, em comparação com a época da visita de João Paulo II em 1986, hoje a Colômbia está “bem mais injusta, sem solidariedade, corrompida e cheia de violência”.

Setembro de 2017, visita do Papa Francisco em Bogotá http://wiez.com.pl/2017/09/07/kolumbia-pierwszy-cud-papieza-franciszka/

Percebe-se que pouco mudou desde a primeira visita do Papa a este pais em 1968. Naquela ocasião o “Der Spiegel” alemão (nr 34/1968) citou as palavras de Germán Guzmán Campos, que no jornal Frente Unido criticou o Papa:

…enquanto na Colômbia 36.000 crianças passam fome anualmente, é feito para o Papa um ostensório de ouro e pedras preciosas por 37.500 marcos.

Um dos precursores mais importantes da ideia de aproximar o catolicismo e o comunismo, Germán Guzmán Campos, criticando tão energicamente o Papa e a Igreja Católica – segundo os documentos da inteligência da StB – não parecia ser muito dedicado à causa de ajudar os pobres, os oprimidos. Ele preferiu cuidar de seus caprichos sexuais e materiais, mas isso não o impediu de fazer propaganda em prol da chamada teologia da libertação e de seu mártir, Camilo Torres.

Documentário sobre Camilo Torres.

[1]              Nome real: Emanuel Havlík, nasc. 22.5.1932, este funcionário da inteligência trabalhou na Colômbia e depois também nos EUA de onde foi deportado pois o FBI o identificou como espião.

[2]              Segundo esta tabela, resulta que em 1963 a rezidentura no Brasil era a mais eficiente dirigindo 12 agentes, a seguir na Argentina – 10 agentes, no México – 7, Bolívia – 2, as restantes, ou seja, Venezuela, Colômbia e Chile não possuíam então nenhum agente.

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